INFLAMMATORY RESPONSE IN SOLID ORGAN AND TISSUE RECIPIENT WITH COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.46765/2675-374X.2020v2n1p37-43Palavras-chave:
Inflammatory response, transplant, Kidney, liver, covid-19Resumo
Introdução: A infecção por COVID-19 é causada pela nova infecção por síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2), que foi relatada pela primeira vez em Hubei, província de Wuhan, China, em dezembro de 2019. Há uma preocupação de que os imunocomprometidos apresentem maior risco de morbidade e mortalidade devido a infecção por COVID-19, embora haja dados limitados sobre esses pacientes. Apresentamos aqui a evolução de uma série de casos de pacientes com COVID-19 em nosso serviço. Pacientes e métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo realizado no Hospital Universitário Walter Cantídio em Fortaleza-CE, Brasil. Todos os pacientes hospitalizados devido ao COVID-19 foram selecionados para história de transplante de órgãos ou tecidos, com um número total de 77 pacientes. Apenas pacientes confirmados para COVID-19 foram incluídos no estudo. A resposta inflamatória e os resultados laboratoriais iniciais, bem como o escore CALL, foram comparados a uma coorte de pacientes com COVID-19 não transplantados internados ao mesmo tempo em nossa enfermaria clínica ou unidade de terapia intensiva (UTI). O curso clínico e os achados clínicos registrados durante o tratamento foram extraídos do prontuário eletrônico. Um P <0,05 (5%) bilateral foi considerado significativo. Resultados: O número total de internações até 24 de julho de 2020 para casos confirmados de COVID-19 foi de 77 pacientes. Do total, 33 (42%) pacientes necessitaram de UTI. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (61%). A mediana de idade foi de 62 [IC 95%: 54-63] anos, 31 (37%) tinham diagnóstico prévio de hipertensão, 24 (28%) de diabetes mellitus tipo 2 (DM-2). A letalidade total do nosso serviço foi de 22%. Foi analisado o escore CALL dos pacientes internados na enfermaria clínica e na UTI, com média maior observada nos pacientes internados na UTI, a média foi de 9,34 nos pacientes internados na enfermaria clínica e de 10,9 nos pacientes que necessitaram de UTI. (p = 0,003). O efeito da relação neutrófilos / linfócitos (RNL) na admissão sobre a necessidade de cuidados na UTI foi analisado pela curva ROC e AUC e foi considerado significativo (AUC: 0,708, p = 0,002, IC 95% = 0,593 a 0,823). O número de receptores de transplantes em nosso serviço foi de 17 pacientes. A média de idade foi de 56 anos e a mediana de 55 anos [IC 95%: 45-65 anos]. Desse subgrupo, 6 pacientes (35%) necessitaram de UTI, sem diferença estatística quando comparados aos não transplantados (p = 0,443), e apenas 3 evoluíram a óbito (17%), também sem diferença estatística quando comparado ao grupo de pacientes não transplantados (p = 0,484). Quando comparada à amostra de pacientes não transplantados, foram encontrados valores mais baixos de contagem de leucócitos, neutrófilos e ferritina. Entretanto, apesar dos menores valores de fibrinogênio, dímero-D, proteína C reativa (PCR) e desidrogenase láctica (LDH), não houve diferença estatística. Conclusão: É uma doença nova, com poucos dados, principalmente na população estudada. Nossa amostra foi uma amostra reduzida, porém foi surpreendente observar uma tendência inflamatória menor, embora sem significância estatística e com mortalidade semelhante à da população geral. Além disso, vale ressaltar a importância demonstrada na relação neutrófilos / linfócitos da admissão demonstrada pela curva ROC em pacientes que evoluem com necessidade de internamento em UTI.